Existe uma relação entre a contaminação, as mudanças climáticas e um possível aumento das tempestades elétricas?

Existe uma relação entre a contaminação, as mudanças climáticas e um possível aumento das tempestades elétricas?

Atualmente caiem sobre a Terra cerca de 25 milhões de raios a cada ano. Em relação à frequência de queda de raios, alguns estudos apontam que o calor e um aumento da temperatura têm uma relação com a eletrificação das nuvens. Um facto é que as tempestades elétricas são mais frequentes durante os meses de verão.

Este raciocínio poderia fazer-nos pensar que, se a mudança climática produz um aumento das temperaturas a nível global, poderia produzir-se um aumento das incidências de raios.

Mas, é mesmo verdade que o aquecimento global poderia estar a provocar um aumento da queda de raio? Existem dados que confirmem a relação entre a poluição e os raios?

Investigações recentes apontam que o número de raios aumentará nos próximos anos

Nos últimos anos foram publicados estudos científicos que lançam um pouco de luz sobre este tema. De seguida abordamos duas das investigações mais destacadas a respeito:

A maior temperatura e maior frequência de raios

Um grupo de investigadores da Universidade da California, Barkeley, liderado pelo científico David Romps, publicou o resultado das suas investigações na revista Science sobre o título Projected increase in lightning strikes in the United States due to global warming.

A investigação foi levada a cabo nos Estados Unidos, recolhendo e relacionando os dados oferecidos pela National Lightning Detection Network NLDN (Rede Nacional de Raios dos Estados Unidos) durante 1 ano. A raiz da análise realizada, concluiu que o número de raios aumenta cerca de 12% por cada grau que incrementa a temperatura global do ar. Segundo os investigadores, se o aumento das temperaturas continua ao ritmo atual, no final do seculo XXI poderemos ter 50% mais de raios que na atualidade.

aumento das temperaturas mais raios

A influência do trafico marítimo na frequência de raios

O cientista Joel Thornton, da Universidade de Washington, liderou uma investigação que foi publicada na revista Geophysical Research Letters com o título Lightning enhancement over major oceanic shipping lanes.

Durante 12 anos, entre 2005 e 2016, a equipa de investigação dedicou-se a mapear e comparar os dados recolhidos pelo World Wide Lightning Location Network WWLLN sobre a queda de raios na Ásia. Compararam regiões marítimas na Ásia com condições climáticas idênticas, por um lado, zonas com rotas comerciais com muito tráfico marítimo e, por outro lado, zonas próximas sem rotas comerciais. Descobriram que caiem o dobro dos raios sobre as rotas marítimas comerciais do sul da China e do oceano indico que, sobre outras zonas próximas comparadas, separadas apenas por 100 quilómetros e com um clima muito similar.

Das conclusões retiradas desta investigação, os cientistas sustêm a hipótese de que a contaminação do ar, produzida pelas emissões dos barcos mercantes, estão a provocar um incremento dos raios nos mares e oceanos.

contaminação raios

Embora estes estudos pareçam indicar que num futuro aconteça um incremento de tempestades elétricas, os cientistas até ao momento não são capazes de indicar quando ocorrerá este aumento da atividade elétrica atmosférica.

À margem das investigações, as redes de deteção de raios cada vez mais melhoram em eficácia monitorizando áreas que antes não eram acompanhadas, o que poderia influenciar um aumento no número de deteção de raios.  

Não obstante, talvez seja demasiado cedo para afirma, sem qualquer dúvida, que realmente existe um paralelismo entre as mudanças climáticas e o aumento de raio. Nas Aplicaciones Tecnológicas continuaremos a seguir com grande interesse as investigações sobre o tema que provavelmente serão intensificadas os próximos anos.

Apesar do aparente aumento de raio em relação às décadas anteriores, os danos produzidos por raios nas cidades que contam com sistema de proteção reduziram brutalmente. O avanço na implementação de tecnologias de proteção contra o raio contribuiu para uma maior segurança de pessoas e infraestruturas. 

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